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quarta-feira, 6 de julho de 2011

O mapa de Cantino

Artigo celebra 500 anos de elaboração da mais antiga carta a representar o Brasil


No ano de 2002, o chamado mapa de Cantino, uma das mais célebres cartas de toda a história da cartografia, completa 500 anos. Esse planisfério pode ser considerado o primeiro a representar com riqueza e completude, para os padrões técnicos da época, as feições dos continentes e das novas terras descobertas pela aventura marítima dos descobrimentos. É também a primeira carta a apresentar uma configuração geral da costa meridional da América do Sul, sendo por isso considerado o mais antigo mapa do Brasil. A primazia do mapa de Cantino baseia-se no relativo rigor de sua datação, enquanto outros mapas elaborados nos primeiros anos do século 16 permanecem sem evidências temporais, essenciais na determinação de seu significado.


A história da carta de Cantino fascina tanto pelos seus mistérios como pelos dados positivos que apresenta. O grande pergaminho ilustrado (1050 x 2200 mm) só foi revelado aos pesquisadores e ao mundo no século 19, quando Giuseppe Boni, diretor da Biblioteca Estense de Módena, na Itália, o descobriu fortuitamente servindo de cortina no fundo de uma salsicharia daquela cidade. O erudito bibliotecário adquiriu o mapa e logrou desvendar-lhe as origens, seguindo as pistas fornecidas pelo próprio documento cartográfico.

Em uma das margens do pergaminho estava inscrita uma dedicatória ao duque de Ferrara, Hércules de Este, assinada por um certo Alberto Cantino, seu agente em Portugal. O duque de Ferrara, representante de uma poderosa linhagem de comerciantes da Itália renascentista, havia incumbido seu agente Cantino de obter em Portugal um mapa das recentes descobertas marítimas, interessado em conhecer as possibilidades abertas ao comércio com o Oriente que pudessem concorrer com as rotas do Mediterrâneo.

Em carta de setembro de 1502, Cantino, em Roma, informava ao duque que o mapa já estava em Gênova e lhe seria entregue. Havia custado em Portugal 12 ducados de ouro, preço elevado que denunciava sua compra secreta. O mapa permaneceu na biblioteca do duque até 1592, quando a coleção foi transferida pelo papa Clemente VIII para um palácio de Módena, onde permaneceu por três séculos. Em meados do século 19, motins políticos levaram à invasão e ao saque do palácio, quando o mapa desapareceu, até ser descoberto pela sorte e sensibilidade de Giuseppe Boni.

O mapa foi adquirido em Lisboa em condições clandestinas, visto a política oficial da Coroa Portuguesa em guardar sigilo sobre as terras descobertas e suas rotas marítimas. Desconhece-se até o momento o nome do cartógrafo mas é certa a sua fatura portuguesa, ainda que em momento posterior o mapa tenha sofrido algumas intervenções. Representa o estágio de conhecimento geográfico do mundo e incorpora as informações decorrentes das expedições portuguesas e espanholas do final do século 15 e inícios do século 16.

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