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sábado, 25 de junho de 2011

HOSPÍCIO CABÃNAS - O TESOURO DE GUADALAJARA






A cidade tem patrimônios mundiais da Unesco, que alia raras qualidades arquitetônicas a dezenas de obras de um dos mais importantes muralistas mexicanos, Clemente Orozco




Entre os vários atrativos que Guadalajara, a sede dos Jogos Pan-Americanos de 2011, reserva aos visitantes, um deles concilia qualidades arquitetônicas, artísticas e sociais únicas no mundo: o Hospício Cabañas. Não à toa, desde 1967 esse complexo é Patrimônio Mundial da Unesco e ponto de parada obrigatória na segunda maior cidade mexicana.






O Hospício foi erguido no início do século 19 por ordem do então bispo de Guadalajara, Juan Ruiz de Cabañas, como uma Casa de Misericórdia, para prestar assistência e abrigo não apenas a órfãos, mas também a idosos, deficientes e doentes crônicos, numa época em que a cidade sofria o impacto de secas, inundações e geadas. A Coroa espanhola também autorizou o atendimento de familiares dos assistidos, dos filhos de pais incapazes de alimentá-los, dos peregrinos pobres e dos próprios operários da obra.



Um detalhe foi decisivo para a qualidade arquitetônica singular do Hospício. Antes de chegar a Guadalajara, o bispo Cabañas havia conhecido na Cidade do México o espanhol Manuel Tolsá, responsável por contribuições notáveis para a arquitetura mexicana. Tolsá elaborou o projeto do complexo, deixando a supervisão dos trabalhos a um pupilo, José Gutierrez. Foi ele quem cuidou da maior parte das obras (com exceção da capela) entre 1805 e 1810.



Nesse ano, irrompeu a Guerra da Independência mexicana, e os prédios ainda não concluídos tornaram-se quartel e estábulos, de início ocupados pelos rebeldes, depois por tropas monarquistas. O México só se libertou do domínio espanhol em 1821. Cabañas morreu em 1823 e o Hospício levou mais seis anos para ser inaugurado. A conclusão só ocorreu em 1845, quando, então, o complexo recebeu seu nome definitivo.



Com quase 23,5 mil metros quadrados de área, o Hospício está situado sobre um plano retangular, com 163 metros de comprimento e 145 metros de largura. Todas as construções (que, exceto a capela e a cozinha, são térreas, para facilitar a locomoção de doentes, idosos e crianças) se espalham em torno de 23 pátios. A maioria delas é arqueada em pelo menos dois lados. Chamam a atenção a relação harmoniosa entre os espaços abertos e os construídos, a simplicidade do traçado e as dimensões do complexo. A solução arquitetônica adotada por Tolsá é inédita, inspirada em conjuntos como o Mosteiro do Escorial, na Espanha, e o Hôtel des Invalides, em Paris.


Em 1858, depois de escapar novamente de se tornar um quartel, o Hospício foi entregue às Irmãs de Caridade, e decidiu-se que todos os seus órfãos poderiam dali em diante portar o sobrenome Cabañas. Em 1872, moravam ali mais de 500 pessoas; naquele ano, porém, as freiras foram expulsas, e em 1880, sem apoio financeiro, o número de moradores caiu à metade. Três anos depois, o governo do estado de Jalisco (cuja capital é Guadalajara) passou a destinar verbas ao Hospício, e com isso o número de habitantes voltou a crescer – 442 em 1887, 672 em 1910.




O muralismo mexicano deu outra contribuição preciosa à mística do Hospício. Nos anos 1930, o governo de Jalisco contratou um dos mais famosos artistas do movimento, José Clemente Orozco, para fazer uma série de murais em edifícios públicos de Guadalajara, realizados entre 1936 e 1939. A capela do Hospício foi brindada com 53 dessas obras, inspiradas no caráter multiétnico da sociedade mexicana. Todas estão entre as mais importantes do autor, com destaque para a alegoria dos elementos O Homem de Fogo, que, pintada num teto curvo, a cerca de 30 metros do chão, é considerada uma das mais brilhantes soluções já encontradas para o problema de perspectiva.



Em 1980, o governo mexicano encerrou as atividades regulares do Hospício, transferindo todos os seus pacientes e atendidos para outras instituições. Três anos depois, reformado e transformado no Instituto Cultural Cabañas, o edifício passou a abrigar escolas de artes e artesanato, museu, sala de cinema e espaços para teatro, música e dança, além da sede da Secretaria de Cultura de Jalisco. Hoje, Cabañas é o principal polo cultural de Guadalajara e atrai turistas de todo o mundo.




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